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A alma é corpórea, composta de partículas sutis, difusa por toda a estrutura corporal, muito semelhante a
um sopro que contenha uma mistura de calor, semelhante um pouco a um e um pouco a outro, e também
muito diferente deles pela sutileza das partículas, e também por este lado capaz de sentir-se mais em
harmonia com o resto do organismo. Tudo isto manifestam as faculdades da alma, os afetos, os
movimentos fáceis e os processos mentais, privados dos quais morre mos. E é necessário admitir que a
alma leva em si causa principal das sensações, mas certamente estas se não produziriam se de algum
modo não estivessem contidas no resto do organismo. E o resto do organismo, tendo preparado esta
capacidade causal, participa ele próprio, por meio dela, de semelhante condição, mas não de todas as
condições que ela adquire: por isso, quando a alma se separa do corpo. este perde a sensibilidade.
Efetivamente não tinha em si esta faculdade, mas preparava-a para a outra, nascida juntamente com ele, a
qual, posteriormente, pela faculdade nela desenvolvida por meio do movimento, desenvolvendo
imediatamente para si a condição da sensibilidade, dava participação ao corpo, por contato e
correspondência, como já disse. É por isso que a alma, enquanto permanece no corpo, nunca pode perder
a sensibilidade, mesmo se desaparece alguma parte do corpo, enquanto persiste uma excitação à
sensação, mesmo se desaparece também alguma faculdade da alma em virtude de uma destruição do
corpo. quer no seu todo quer nas suas partes. O corpo, pelo contrário, mesmo que fique intato, quer no
seu todo quer nas suas partes, deixa de possuir sensibilidade quando dele se afastou o princípio que retém
unida a multidão dos átomos que constituem a natureza da alma. E, também, no entanto, verdadeiro
dizer-se que, logo que se dissolve inteiramente o corpo. a alma se dissipa. e disseminada perde a sua
força e os seus movimentos, de tal modo que também ela se torna insensível.

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