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Não deve supor-se antinatural que a alma ressoe com os gritos da carne. A voz da carne diz: não se deve
sofrer a fome, a sede e o frio. E é difícil para a alma opor-se; antes, é perigoso para ela não escutar a
prescrição da natureza, em virtude da sua exigência inata de bastar-se a si própria.
Realmente não sei conceber o bem, se suprimo os prazeres que se apercebem com o gosto, e suprimo os
do amor, os do ouvido e os do canto, e ponho também de lado as emoções agradáveis causadas à vista
pelas formas belas, ou os outros prazeres que nascem de qualquer outro sentido do homem. Não é
também verdade que a alegria espiritual seja a única da ordem dos bens, porque sei também que a
inteligência se alegra pelo seguinte: pela esperança de tudo aquilo que nomeei antes e em cujo gozo a natureza pode permanecer isenta de dor.

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